Quando criança, olhava para o céu e insistia em subir numa
super escada para adquirir um pedacinho azul, como se o céu fosse um enorme
bolo que pudesse ser fatiado facilmente.
Sempre quis apalpar o céu. Queria caminhar sobre o mar com
sapatinhos mágicos para tocar a imensidão celestial e as nuvens fofas, mas no
âmago do seu pequenino ser, sabia que era impossível.
O nível do mar era assustador, temia cair e afundar como se
tivesse uma enorme bola de ferro amarrada aos seus pés. Não queria ver os
peixes iluminados, tubarões e outros animais estranhos.
Gostava de cavar com os pés. Espalhava areia feito um cão
faminto procurando o osso enterrado. Aquilo não era uma busca e sim uma
descoberta, pois acreditava que tinha um final como tudo na vida. Obviamente,
não tinha e o ato de cavar apenas aguçava a sua hiperatividade.
Um dia, a criança cresceu e o desgosto apareceu. Todos os
castelos de areia foram destruídos. Nada mais daquilo lhe era atrativo, a praia
virou um ambiente desnecessário e fétido. Um poço para insolação e câncer de
pele. E então, veio-lhe um devaneio. Por que não substituir a praia por um
local mais agradável? No lugar do mar, lindíssimos lagos com vários cisnes.
Cisne negro, cisne branco, todos bem pescoçudos e elegantes. A areia seria
coberta por um extenso gramado de um verde fabuloso, de encher os olhos.
Árvores por todos os lados, cerejeiras e afins. Flores de todas as tonalidades
e bem perfumadas. Bancos espalhados para que as pessoas pudessem ler, ouvir
música, meditar e relaxar. O momento chill out de cada dia.
Agora existe somente a velhice.
2 comentários:
o.O tá feia a coisa então Xará....
Que infancia feliz e que desenvolvimento mais triste. hahahaha
Ambos os lugares são ótimos... basta saber tirar proveito do melhor, sem se prender no que tem de ruim...
;~
BjOoO.
Lou²
Praia NÃO TEM vantagem.
Postar um comentário