quinta-feira, maio 16, 2013

Devaneios


Quando criança, olhava para o céu e insistia em subir numa super escada para adquirir um pedacinho azul, como se o céu fosse um enorme bolo que pudesse ser fatiado facilmente.

Sempre quis apalpar o céu. Queria caminhar sobre o mar com sapatinhos mágicos para tocar a imensidão celestial e as nuvens fofas, mas no âmago do seu pequenino ser, sabia que era impossível.

O nível do mar era assustador, temia cair e afundar como se tivesse uma enorme bola de ferro amarrada aos seus pés. Não queria ver os peixes iluminados, tubarões e outros animais estranhos.

Gostava de cavar com os pés. Espalhava areia feito um cão faminto procurando o osso enterrado. Aquilo não era uma busca e sim uma descoberta, pois acreditava que tinha um final como tudo na vida. Obviamente, não tinha e o ato de cavar apenas aguçava a sua hiperatividade.

Um dia, a criança cresceu e o desgosto apareceu. Todos os castelos de areia foram destruídos. Nada mais daquilo lhe era atrativo, a praia virou um ambiente desnecessário e fétido. Um poço para insolação e câncer de pele. E então, veio-lhe um devaneio. Por que não substituir a praia por um local mais agradável? No lugar do mar, lindíssimos lagos com vários cisnes. Cisne negro, cisne branco, todos bem pescoçudos e elegantes. A areia seria coberta por um extenso gramado de um verde fabuloso, de encher os olhos. Árvores por todos os lados, cerejeiras e afins. Flores de todas as tonalidades e bem perfumadas. Bancos espalhados para que as pessoas pudessem ler, ouvir música, meditar e relaxar. O momento chill out de cada dia. 

Agora existe somente a velhice.

 

2 comentários:

Anônimo disse...

o.O tá feia a coisa então Xará....
Que infancia feliz e que desenvolvimento mais triste. hahahaha
Ambos os lugares são ótimos... basta saber tirar proveito do melhor, sem se prender no que tem de ruim...

;~

BjOoO.
Lou²

Louise disse...

Praia NÃO TEM vantagem.

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